segunda-feira, 21 de fevereiro de 2005

"Procure os melhores homens dentre aqueles que são espezinhados."
- Conde Leon Nikolaievitch Tolstoi

"Todos os filhos de Adão são membros do mesmo corpo. Quando um membro sofre, todos os outros sofrem também. Aquele que é indiferente ao sofrimento alheio não merece ser chamado de homem."
- Saadi de Shiraz

"Se os homens foram todos feitos do mesmo barro, porque há de haver sempre uns que se julgam feitos de porcelana?"
- M. Trémont
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Força para começar a semana. Um pouco de erudição e bons exemplos. Uma boa forma de amadurecer quietinho, como sempre... por debaixo das folhas.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2005

A mão que toca um violão
Se for preciso faz a guerra
Mata o mundo
Fere a terra
A voz que canta uma canção
Se for preciso canta um hino
Louva a morte
Viola em noite enluarada
No sertão é como espada
Esperança de vingança
O mesmo pé que dança um samba
Se preciso vai à luta
Capoeira
Quem tem de noite a companheira
Sabe que a paz é passageira
Pra defendê la se levanta
E grita eu vou
Mão, violão, canção e espada
E viola enluarada
Pelo campo, e cidade
Porta bandeira, capoeira
Desfilando vão cantando
Liberdade
Liberdade
Liberdade...

Musica: Viola enluarada
Banda: Chitaozinho e Xororo

terça-feira, 8 de fevereiro de 2005

Solitário no caminho
A vida é como uma grande corrida de bicicleta, cuja meta é cumprir a Lenda Pessoal - aquilo que, segundo os antigos alquimistas, é nossa verdadeira missão na Terra.
Na largada, estamos juntos - compartilhando camaradagem e entusiasmo. Mas, a medida que a corrida se desenvolve, a alegria inicial cede lugar aos verdadeiros desafios: o cansaço, a monotonia, as dúvidas sobre a própria capacidade. Reparamos que alguns amigos já desistiram no fundo de seus corações - ainda estão correndo, mas apenas por que não podem parar no meio de uma estrada. Este grupo vai ficando cada vez mais numeroso, com todos pedalando ao lado do carro de apoio - também chamado de Rotina - onde conversam entre si, cumprem suas obrigações, mas esquecem as belezas e desafios da estrada.
Nós terminamos por nos distanciar deles; e então somos obrigados a enfrentar a solidão, as surpresas com as curvas desconhecidas, os problemas com a bicicleta. Em um dado momento, depois de alguns tombos sem ninguém por perto para nos ajudar, terminamos por nos perguntar se vale a pena tanto esforço.
Sim, vale; é só não desistir. O padre Alan Jones diz que, para que nossa alma tenha condições de superar estes obstáculos, precisamos de Quatro Forças Invisíveis: amor, morte, poder e tempo.
É necessário amar, porque somos amados por Deus.
É necessária a consciência da morte, para entender bem a vida.
É necessário lutar para crescer - mas não se deixar iludir pelo poder que chega junto com o crescimento, porque sabemos que ele não vale nada.
Finalmente, é necessário aceitar que nossa alma - embora seja eterna - está neste momento presa na teia do tempo, com suas oportunidades e limitações; assim, em nossa solitária corrida de bicicleta, temos que agir como se o tempo existisse, fazer o possível para valorizar cada segundo, descansar quando necessário, mas continuar sempre em direção à luz Divina, sem deixar-se incomodar pelos momentos de angústia.
Estas Quatro Forças não podem ser tratadas como problemas a serem resolvidos, já que estão além de qualquer controle. Precisamos aceita-las, e deixar que nos ensinem o que precisamos aprender.
Nós vivemos num Universo que é ao mesmo tempo gigantesco o suficiente para nos envolver, e pequeno bastante para caber em nosso coração. Na alma do homem está a alma do mundo, o silêncio da sabedoria. Enquanto pedalamos em direção à nossa meta, é sempre importante perguntar: "o que há de bonito no dia de hoje?" O sol pode estar brilhando, mas se a chuva estiver caindo, é importante lembrar-se que isso também significa que as nuvens negras em breve terão se dissolvido. As nuvens se dissolvem, mas o sol permanece o mesmo, e não passa nunca - nos momentos de solidão, é importante lembrar-se disso
Enfim, quando as coisas estiverem muito duras, não podemos esquecer que todo mundo já experimentou isso, independente de raça, cor, situação social, crenças, ou cultura. Uma linda prece do mestre sufi Dhu 'l - Nun ( egípcio, falecido em 861 AD) resume bem a atitude positiva necessária nestes momentos:
"O Deus, quando presto atenção nas vozes dos animais, no ruído das árvores, no murmúrio das águas, no gorgeio dos passaros, no zunido do vento ou no estrondo do trovão, percebo neles um testemunho a Tua unidade; sinto que Tu és o supremo poder, a onisciência, a suprema sabedoria, a suprema justiça.
"O Deus, reconheço-Te nas provas que estou passando. Permite, ò Deus, que Tua satisfação seja a minha satisfação. Que eu seja a Tua alegria, aquela alegria que um Pai sente por um filho. E que eu me lembre de Ti com tranqüilidade e determinação, mesmo quando fica difícil dizer que Te amo."