sexta-feira, 20 de dezembro de 2002

Na noite.
Dois perdidos em caminhos tão conhecidos e tão estranhos.

Na noite.
O verbo que se fez carne. A fome que se fez silêncio. A honra, a confiança, as palavras.

Na noite.
Limites rompidos, mente entorpecida, sem que nenhum movimento fosse feito.

Na noite.
Lâminas no olhar, de brilho e fio próprio. Uma brisa que rasgou minha carne.

Na noite.
Um coração morto que bateu novamente. Ressou uma canção proíbida, mas sentida na pele.

Na noite.
A língua anestesiada, a alma embriagada, os dentes cerrados para que não fosse bebida a mais pura das fontes.

Na noite.
Um passo dado na sala escura. Estamos juntos, distantes.

Na noite.
A fina flor nas mãos. Perfume nos cabelos. Lábios, pele, mãos, pés. Nada além do necessário. Nada além do permitido.

Na noite.
Chame por mim e estarei ao seu lado.



NA NOITE
Arte no Escuro

Tarde baixa
meia luz
as cores passam
a luz já se foi

o que será depois
o que fazer
o que será depois
na noite
na noite
um instante que se foi
luzes negras
nossas almas
um romance
nossos olhos
na noite
um instante
que se foi
o que fazer
o que será depois
na noite
na noite
o que fazer depois

Nenhum comentário:

Postar um comentário